sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Celebrando o novo!
A quem responsabilizar?
Claro que ao Sol, às Estações, etc, que insistem em retornar, sempre...sempre...sempre...
Uma cantilena ininterrupta, obrigando-nos a repensar o ciclo da nossa própria vida.
Feliz ano novo, feliz dia novo!
PENSE BEM
Seria a cigarra
o galo da tardinha?
E, o galo, a cigarra da alvorada?
O galo desperta o dia.
A cigarra o faz dormir.
São cantos que
se assemelham.
Não fazem carreira solo.
Gostam de brincar de eco.
Quando um canta
outro responde,
tecendo a teia ou véu
que cobre e recobre o dia.
Na lírica do sertão,
cantoria admirável.
O Dia merece, sim,
anúncio de clarinadas.
Despedida de trombetas.
Espetáculo adorável!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Só assim...
apenas sons
ou grafismos
...nada mais.
Podem ser
e continuar sendo, eternamente,
apenas isso.
Hieroglifos não decifrados..
Segredos não revelados...
Mas há o milagre
há o prodígio
há a transfiguração...
Pelo atento ouvido de quem ouve,
pela atenção de quem lê,
a Luz se faz!
O encontro se dá...
tal o sol e a chuva fina
- dá-se o arco-íris.
A energia da espessa nuvem
ao encontrar o solo receptivo
-dá-se o raio.
Espermatozoide e ovo
-dá-se a vida.
O poeta escreve...
Mas deseja, anseia,
desajeitadamente espera
por você,
para alterar sua sorte
e fazê-lo prodigiosamente vivo.
sábado, 13 de dezembro de 2008
NATAL
Que posso te desejar neste Natal?
Que haja muita flor
em teu caminho
para compensar, com excelência,
algum espinho?
Que brilhe um belo Sol em tua vida,
mesmo que algum dia
te surpreenda, sombrio,
inesperadamente frio?
Que anjos de céus e terras
estejam sempre alertas,
ao teu redor, cuidando
com desvelo da tua caminhada?
Ou que tua história
prossiga baseada
na compreensão e no amor,
na mais fina companhia?
Ou tudo isto
embrulhado pra presente,
em bela caixa colorida,
com um lindo laço dourado arrematando !
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
e no entanto...
é preciso procurar alcançar algo maior do que o que a linguagem tem para oferecer.
A primeira chave é o poder do caos, que é feminino, situado além da previsão e além de uma apreensão plena e racional.
A segunda fonte de poder é a Imaginação Divina, a imaginação que é o nosso legado mais rico, o direito de progenitura que nos liga ao divino.
É a nossa capacidade poética, nossa capacidade de entrar em ressonância com a noção de beleza ideal, de criar, sob forma a forma de arte, aquilo que transcende nossa própria compreensão.
Terence McKenna
Princípio da Mudança
Quero vislumbrar o que virá.
Serão as cinzas do presente
o embrião da Fênix futura?
Escombros serão o germe, a semente?
Diante do eterno,
a aventura está apenas começando.
Cegos, não vimos o que deveríamos ter visto.
Os padrões nos escaparam,
neles se encontram o sentido da história.
É preciso considerar tudo sob nova luz,
sob nova lente
e dar o salto que não soubemos dar.
Não vês o novo sol surgindo?
A mola soltou-se com estrondo.
Há um vulcão em erupção.
Coisa alguma ficará impune... é tudo ou nada.
Já não vale pisar o chão que foi pisado.
Apenas vaga memória persiste.
É o adubo do novo que consiste
na nova realidade ainda envolta
pela película do sonho, prestes a se romper.
O pesadelo acabou?
Há uma criança nascendo?
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Permitam-me
Permitam-me falar de Amor...
Amar é bom, é muito bom!
Se a vida que vivemos tem seu lado obscuro, tem também seu lado luminoso, à espera de que nós possamos participar, irradiando tudo que de melhor possuímos... e o que de melhor possuímos é a nossa possibilidade de amar.
O amor, a ternura, a solidariedade, o caminhar juntos são a forma mais humana de fazer germinar sobre este mundo, sobre a nossa vida pessoal e comunitária, o bem que precisamos.
Que tal acompanhar-me nessa " quase oração "?
Preciso ardentemente da inocência
como a escuridão precisa da luz.
como a ave precisa do espaço para voar.
como a criança precisa da mãe que a alimenta.
em que a verdade seja plena.
ao menos por um dia!
Preciso crer que a maldade não existe
e confiar que o mundo ainda tem jeito.
Preciso acreditar que a humanidade
foi uma boa idéia.
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Quase não falei de Amor... É generoso, o Amor...e democrático. Está sempre pronto a invadir e colorir qualquer espaço disponível, qualquer coração aberto disposto a se entregar e aceitar suas
normas, às vezes surpreendentes.
NO LIMITE
Quando o amor vem chegando
tudo fica verdadeiro.
Aperto de mão é usina.
Flores cantam na janela.
Chuva tem gosto de bênção
e mesmo que seja junho,
calor é de fevereiro.
O coração se debate
como pássaro em gaiola,
batuca que nem pandeiro.
Nem dá para olhar nos olhos.
Rubro da face revela
o desequilíbrio interno
do corpo em nova cadência.
Arre! É quase desespero,
parece revolução.
É o mais colossal sintoma,
a fina constatação,
a mais completa evidência
de que a vida está viva
e pronta pra ser vivida
até o dia derradeiro.
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As ilustrações ficarão por conta de Anabel Cavalcanti...as fotos são dela!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Tudo já foi longe demais
Houve tempo
(parece um passado bem distante)
em que a vida tinha valor.
Mulheres piedosas
rodeavam o berço do recém-nascido
e louvavam o Senhor...
Povos primitivos
elevavam a nova criatura
acima dos ombros, em oferenda,
e bendiziam o novo ser.
O Senhor da Vida e da Morte
era invocado.
Sabia-se o valor do dom.
Festejava-se.
Cantos, danças, rituais,
tudo apontava
a glorificação do Sumo Bem.
Só a criança chorava.
A morte programada convivia
com os humanos, sim,
mas limitava-se
ao seu lugar próprio: a guerra.
Guerra...parecia ser, então,
a suprema loucura,
em razão de algum
distorcido objetivo
que a ambição humana encerra.
Hoje
observa-se o absurdo.
Loucura generalizada.
O ser humano não conseguiu
ser o Senhor da Vida
mas já é o Senhor da Morte.
A morte passeia livre.
Crimes semeados
como se fossem flor
germinam com a voragem
de ervas daninhas.
Já não há limites
nem justificativas.
A morte, de tão inesperada,
já é esperada.
Troca-se a vida
por qualquer objeto sem valor,
por qualquer emoção danificada.
Mata-se por tudo ... e por nada.
E as crianças que nascem
continuam chorando...elas sabem.
Elas, com certeza, sabem.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
A cantante e poemas afins
Vocês querem saber o que é VIDA? Querem saber o que é ALMA?
Daquele ser frágil surgiu a GRANDE MULHER, a legítima representante da alma latina que encanta o mundo...mais que isso...cada mulher que a ouvia, ali, sentiu-se vivida naquelas palavras cheias de sentimento, palavras fortes, provocadoras, cortantes como facas( Belquior,1973),que atingiam a nós todos, e a mim,fazendo-me chegar às lágrimas (confesso!) quando cantou "Alfonsina y el mar".Trouxe-me de volta a história da poeta que cansou de buscar o Amor no universo masculino tão distanciado do desejado pela alma feminina.
Alfonsina Storni (1892-1938) foi-me apresentada por uma amiga argentina( não foi o Google),
que, entre emocionada e desconsolada, me falou do momento decisivo da Vida da poeta quando ela desistiu de continuar buscando por algo que não encontrava e, lentamente, entrou mar a dentro, talvez a buscar o GRANDE POEMA que ainda não tinha escrito..ou o Amor...
"sabe Dios que angustia te acompanhou...penas e silêncios...Com tu soledad, que poemas nuevos fuiste a buscar..." assim se expressou Violeta Parra tentando entender...Magistral melodia com versos à altura da musa inspiradora.
Deixo para vocês trechos de um poema de Alfonsina que me marcou profundamente quando ainda quase nada conhecia da Vida e de Amores...
TU ME QUIERES BLANCA
Tú me quieres alba,
me quiees de espuma
Me quieres de nácar,
que sea azucena
Sobre todas, casta.
De perfume tenue,
Corola cerrada.
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Tú me quieres nívea,
tú me quieres blanca,
tú me quieres alba
Tú, que hubiste todas
as copas a mano
De frutas e mieles
los lábios mojados
Tú, que en el banquete
....dejaste las carnes
festejando a Baco
Tú ,que en los jardines
negros del engaño,
vestido de rojo
corriste al Estrago.
Tú que el esqueleto
conservas intacto
no sé, todavia,
por cuales milagros,
me pretendes blanca
(Dios que te lo perdone)
Me pretendes casta
(Dios que te lo perdone)
Me pretendes alba!
Huye hacia los bosques;
Vete a la montaña;
Limpiate la boca,
vive en las cabañas.
Toca con las manos
la tierra mojada.
Alimenta el cuerpo
com raiz amarga.
Bebe de las rocas.
Duerme sobre escorcha.
Renueva tejidos
con salitre e agua;
Habla com los pájaros
y lévate al alba.
Y quando las carnes
te sean tornadas,
Y quando hayas puesto,
en ellas, el alma
que por las alcobas
se quedó enredando,
Entonces, buen hombre,
Preténdeme blanca,
Preténdeme nívea,
Preténdeme casta.
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Não desejo comentar...não cabe...estretanto peço desculpas per algum erro de ortografia.