sexta-feira, 5 de junho de 2009

Embarcando nas águas do Amor

E lá vamos nós embarcando nas águas do AMOR, o mais antigo e constante tema dos poetas...Não existindo o AMOR,os poetas teriam que se calar.


Que restará de humano, ao mundo,
se o poeta abdicar do ofício?
Mesmo que o amor, desolado,
tenha abandonado a Terra,
o fingido amor do poeta
é brado de resistência,
prova consistente, sólida, evidente
de que, um dia, houve gente.

Entretanto, às vezes, o próprio poeta vacila...


SORTILÉGIO

Que sortilégio trágico e funesto
Procurar...procurar...procurar...
Haverá mais dramático destino?
Correr a vida com olhar sedento,
desejo ardente de achar o amor,
poder tocá-lo, sentir seu calor...
E ver a taça transbordar, em festa!

Se, em céu de Deus, o amor se manifesta
por que se esconde ele sobre a terra?
Por quais veredas, sombras ou florestas,
em que caverna escura fez seu ninho?

Amor, por Deus, responde ao meu anseio!
Ando secando em áridos caminhos...
Mas nessa estrada, sei, não vou sozinho.
Multidões de fantasmas peregrinos
também anseiam pelo amor primeiro.
Também se envolvem em trágico destino:
Poder, às vezes, vislumbrar o sonho
e jamais tocá-lo em susto verdadeiro.

Um dia, o inesperado causa uma surpresa...e tudo muda. Ou parece mudar.

A Festa

...e o milagre se vê acontecendo...
Emerge do Hades a alma sucumbida.
...De novo aos céus em busca da amplidão
a lua nova inspira crescimento.
Quarto-crescente enche, de novo, o espaço.

Há um balão inflando-se de gozo.
A sinfonia vem trazendo risos
O ar espalha perfume amadeirado,
e as borboletas dançam a música do amor
De novo o sol enternecido,
por entre nuvens brancas e azul profundo.
Há música, sim, há Deus no mundo.
A esperança volta a triunfar.

A primavera chegou em calendário louco
...um envolvente esplendor.
No ar, um canto de anjos,
e há cores em cada canto
...e se fez presente a festa!
Em tudo brilha inesperada chama!

Mas...por quê?...por quê?... por quê?...
Porque o meu amor me disse:
" Te amo!"

( Mentira?...Logro?...Ilusão?...
Oh, Deus! Não importa!
Esta é a senha da ressurreição!)

Confirmando o que lhe parece ser A Verdade, o poeta continua:

AMAR, SEMPRE!

Sem amor, ninguém é feliz.
Somente amando é possível tocar a felicidade.
(
Qualquer especie de amor vale a pena?)

Como a pele e a polpa do caqui
A pálpebra e o olho,
O ritmo e a poesia,
a parceria do amor com a alegria
é dupla insuperável
inseparável
inigualável.
Amar o inusitado,
Amar em volta...e o centro.
Entrar no jogo da sedução
e se permitir queimar as mãos
(mas, nunca o coração!)
Amar a algazarra ingênua
dos periquitos, das maritacas,
Ah, sim...e das crianças.

Amar o som do trombone
e o canto das sereias.
Amar a mágoa das lembranças.
Acalentar as lágrimas antigas
e delas poder sorrir.
Só o amor consagra esse milagre.

O amor dá colorido
a um passado sombrio.
Na melodia do amor
é que a alegria vem...Amar alguém!

Amar é redenção
é reconstrução
é alucinação.

No labirinto do amor, entretanto,
é indispensável o fio de Ariadne.
Sem ele corre-se, não só riscos, mas perigo!
O risco de conhecer a profundidade do oceano
E o perigo de jamais voltar à tona...

Entre a felicidade e o infortúnio
é preciso saber viver.
Amar, sim, sempre!
Mas conservar a lucidez...
Com a astúcia de um jogador de xadrez!

Olhos abertos às veredas do fingimento.
Intuir a cilada das palavras bonitas, porém falsas.
Estar atento, atento, sempre atento
aos lances traiçoeiros, ao passo em falso,
Ao fosso que se abre em escancaradas bocas
para engolir o incauto amante.

Amar, sempre! Sempre! Até certo ponto.
Sem abrir mão do juízo...
E mentir, também, se for preciso...


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Huumm! Parece que a poeta se encontra sob a ação e os efeitos de intensos desenganos amorosos...Será?! Não creio.
É apenas a alma lírica ou romântica querendo se expressar... Será?!










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