quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Pequenas e grandes tragédias

Oi, amigos
Por motivos técnicos já não vou reproduzir aqui o mesmo tema e postagem que costumo publicar no outro endereço - vamoscirandar.wordpress.com . Gostava de fazê-lo em respeito aos leitores deste blog, pois os reconhecia diferentes, vindos de outras partes desse enorme país e da tantas partes do nosso colorido mundo.

Seria bom encontrá-los por lá. As últimas publicações se referem ao tema que, do mesmo modo que agrada muito, também desagrada deveras. Depende de quem o lê. Sim, porque o assunto AMOR, como já deduzi, só causa estrago, espanto ou encantamento a quem nele está envolvido, ou no passado experimentou suas ilusões e desilusões. São cicatrizes que custam de sarar.

Infelizmente, para boa parte dos leitores, ou de forma gratificante para outra parte, a forma como costumo me expressar é a POESIA. Um risco, com certeza!
Posso não saber transmitir o que preciso, como o leitor merece; não me acredito possuidora da chama sagrada dos grandes poetas, mas a chaga aberta do sentir poético, isso é sangrento, é dolorido, e eu a possuo...atravessar esse abismo em silêncio, seria insuportável...Daí, escrevo.

A POESIA é o meu modo de sentir a vida...e de manifestá-la.
Parafraseando Dilma (a candidata): Prefiro os cortes, os arranhões, as infecções adquiridos na rinha dos sentimentos, a flanar ileso nos campos da indiferença.
Não invejo as pessoas hígidas, saudáveis, antisépticas, que não se contaminam com sentimentos dispensáveis.

O cotidiano, às vezes, me surpreende com a violência de um soco...como aconteceu, agora, pela manhã.

Ao abrir a porta, o vento fez entrar, sala a dentro, algumas penas facilmente identificáveis como plumagem de pequena ave.
Não me foi difícil atribuir tais evidências à origem daquele infeliz acontecimento.
Apenas alguns passos me levaram a descobrir que, bem perto, no alto do arvoreto, no jardim frente ao meu apartamento, uma mãezinha dedicada já não estava chocando seus ovos, como vinha fazendo há vários dias...
Ali, bem embaixo do ninho, o chão estava simplesmente atapetado com todas as penas da desditosa avezinha. O resto do corpo havia sido consumido, e eu sabia por quem.
Tenho visto um gato, desses rufiões que saem à noite para caçar suas presas, rondando o terreno e derrubando a lata do lixo...
Uma pessoa pouco afeita a emoções, apenas registraria: "Deu-se efetivada, novamente, a lei do mais forte!"

Para mim, não é assim...
Eu não consigo ser tão racional. E me dói ver o indefeso ser destroçado pela violência, mesmo que faminta, de predadores sem clemência. E sofro... Não me agrada ver um processo de vida ser interrompido, quando, mais grave ainda, a vida não chegou sequer a eclodir e o mundo fica um pouco mais pobre. Uma pena...
No auge do desânimo que tomou conta de mim, apareceu-me Pollyana ( a moça), e me trouxe de volta ao meu mundo real, lembrando-me: "Viste o terremoto do Chile?"
Sim. Eu vi. Mas uma tragédia não elimina a outra...
Tudo isto me faz lembrar Chico Buarque (ele, de novo!) lá no "Fado Tropical":

"Mesmo quando minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, meu coração fecha os olhos e, sinceramente chora..."



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