sábado, 19 de fevereiro de 2011

Aline Dichte, outra vez...

Há tempos ela não comparecia ao meu campo audio-visual. Acabo de encontrá-la. Como sempre desfia um rosário de queixas, mágoas, protestos ou quebrantos.

Pacientemente a escuto...e não posso deixar de transformar em versos os seus queixumes. Ela é, para mim, uma fonte de inspiração. Querida Aline, um poço de sentimentos, reais ou fictícios? Não saberia responder...

Preciso ser prática

Preciso urgentemente de um parceiro

para dividir comigo o dia.

Há lâmpadas que não sei trocar

Um chuveiro a enguiçar

Lacres de garrafas que não consigo abrir

Alturas além do meu alcance

Pesos muito além da minha força.

Missões impossíveis de resolver sozinha.


Entretanto,

explicando com clareza,

não preciso de ninguém

pra me acompanhar à mesa.

Ninguém que me venha ajudar

a refletir a vida

ou melhorar o espaço

em que nos perdemos de ser irmãos.

Não me faz falta

alguém que me aqueça as mãos

se, à noite, sinto frio.

Alguém que divida risos.

Também não careço dividir

a brisa alegre dos domingos.

Gosto (mesmo?) de estar só

a ouvir Gal, Djavan, Elis

em qualquer fim de semana

e, divagando, olhar o mar

na vivência saborosa

de um barzinho a beira-mar.


Nem preciso de um ombro

pra acomodar a tristeza

se vejo que ela já vem.

Gosto de seguir sozinha

sem rumo e sem destino

ruminando a paisagem

em solitária viagem

sem hora de ir ou vir...


Encerrando o meu discurso

destilando azedo verbo

tranquila posso ir dormir

...e tudo mais vá pro inferno.


Pois é... é assim que ela se apresenta.Mas não me deixa preocupada.

Bastam alguns passos, como acontece com todo caminheiro, pois "quem caminha noite e dia sempre encontra um companheiro", um bom papo, uma viola só, um canto... e a estrada reencontra o rumo...até nova recaída.

"...Sua vista pouco alcança, mas a terra continua"... Segue em frente, Aline...


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