sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Poeta, a Mentira e os Girassóis

O olho vê
A lembrança revê
A imaginação transvê (Manoel de Barros)

...E esse mundo assim foi feito ( Sidney Miller)

CADERNO DE POESIA

Página primeira, novo caderno de poesia
Quantos já foram vencidos?
Quantos ficaram para trás?
E se não foram contados,
muito menos conhecidos.
Coletânea de aquarelas
Paisagens que refletem vidas,

em muitos casos aprisionando luz...

Suaves telas impressionistas
São momentos de jardins, raios de muitos sóis,
Cantos, músicas, encontros
São imagens coloridas
Um rastro iluminado, tal campo de girasóis.
Um rápido movimento,
Uma página virada
e o enfoque é alterado...

Ventos fortes, tempestades,
A paisagem se transforma
quando a alma se transtorna.
Fortes cores de cruel expressionismo
A transparência se esvai
O sombrio encobre a luz
Quebra-se o encanto, o otimismo,
Surge,com força, o tormento
São imagens distorcidas
E, nos céus, explode o grito ..
................................................................................................................
Contudo,
o consolo é a constante:
Saber do ir e vir flutuante,
Nada firma posição,
Que a única determinante
é a indeterminação!

Não é pouco importante a recomendação de Manoel de Barros:

"É preciso transver o mundo" , atitude que nos leva a diminuir o peso da realidade e aconchegar-se ao "olhar enviesado" do poeta... e assim "aumentar o mundo" no que ele oferece de melhor. Estaria ele aconselhando a mentir? E por que não?
"É preciso mentir para viver"


Ninguém enxergou melhor os girassóis que alguém que morreu louco...

Nenhum comentário: