sábado, 6 de outubro de 2012

Esperando o retorno do sol


Dia frio, chuvoso, cinzento, melancólico, um gosto de mal-assombros no ar, obrigando as pessoas a se recolherem em si mesmas, esperando que as cores retornem...
Quanto a mim, acalentei-me com palavras escritas em outro dia, mais lúcido, mais reflexivo, até mais colorido...no entanto, não mais caloroso do que hoje. E passo-as para vocês, meus companheiros desta viagem um tanto interrompida.

Amanhece. Cabem-me algumas providências indispensáveis, tais como: colher as amoras maduras de uma produção incipiente mas que faz bem ao coração de quem plantou a árvore. No caso, eu.
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Depois, molhar as plantas, é claro, se não choveu à noite. Ainda assim ficam esperando por água aquelas que se encontram em vasos,  distantes do alcance da chuva. Essas, às vezes, aparentam estar se despedindo da vida -  folhas murchas, hastes encurvadas, abatidas, terra seca...um quadro desolador.
Poderão elas , reagir, recobrar o vigor, a vitalidade, o viço, a vida? Sim. Bastam algumas gotas e tudo se renova: a cor, a higidez, o perfume, a energia, o frescor, a alegria...É quase um milagre. Eu, ao mesmo tempo, com elas, me refazendo, me revitalizando.
Se somos prisioneiros  da nossa ilha intrínseca e intrincada, existem entretanto algumas frestas no céu obscuro que nos envolve e, através delas, podemos enxergar um nascer ou um pôr do sol inesperado. Percebemos aí um algo além...

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O quê?!...Certamente não tenho resposta. A cada um a que lhe cabe.

Creio que seria mais fácil se fossemos , todos, "sólidos regulares" mesmo que constituídos de inúmeras faces. A cada "lançamento" no pano verde da vida seria possível um cálculo. Mas somos "sólidos irregulares", o que torna impossível qualquer prognóstico...e até os diagnósticos se revelarão confusos, contraditórios, dúbios,  difíceis de entender e, por consequência, difíceis de explicar.

O que, em nós, pode ser classificado como definitivo ou inabalável?
Os nomes?
Os sentimentos?
Os pensamentos?
As definições?
Os gestos?
As palavras?
As faces?
As "máscaras"?
Os esconderijos onde nos esquivamos das "invasões externas"?

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Há quem afirme : "Só a morte é definitiva e implacável!" Não concordo. Afinal existe uma facção enorme a defender que ela nem existe!
Se fosse tão definitiva assim não deixaria margem para dúvidas nem espaço para discussões. É somente mais uma dubiedade ao nosso dispor.


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E, para todos, o meu mais sincero gesto de carinho.